La Casa du’z Vetin: Instituto OCA e influenciadores debatem geração de renda para a juventude

Dialogando sobre as conclusões apontadas na pesquisa “Eles dizem não ao não – Um estudo sobre a geração N”, integrantes do Instituto Oca têm se reunido com idealizadores da série La Casa du’z Vetin, produção audiovisual comandado por jovens da periferia de Fortaleza inspirada na série La Casa de Papel, do canal Netflix, para pensar alternativas de renda e inclusão para a juventude que não estuda nem está inserida no mercado de trabalho. Os encontros ocorreram em dezembro e janeiro. 

La Casa du’z Vetin é uma parceria do Coletivo Nigéria com integrantes do canal Suricate Seboso, além de outros jovens, humoristas e influenciadores digitais. A série foi lançada no dia 9 de novembro, na Praia dos Crush, em Fortaleza. O roteiro da série baseia-se na realidade da juventude periférica, abordando questões do cotidiano desses jovens, como a evasão escolar.

O trabalho reúne coletivos e jovens. Entre os envolvidos na produção estão Léo e Dudu, do Suricate Seboso, o humorista Talmon Lima, Pobretion, Everton Cassio (Pokindeia), As Princesinhas do Passinho e Rodolfo Rodrigues (Xero Verde). A direção é do Coletivo Nigéria. 

Na avaliação do influenciador digital Léo Suricate, cabe ao poder público incentivar a geração de renda para a juventude a partir de ações que, segundo ele, não são onerosas ao Estado, como a parceria com empresas de tecnologia de informação. “Pode ser desde o cara que trabalha no ifood (aplicativo de comida), pois infelizmente essa é a realidade de muitos jovens, até o jovem que pode ser influenciador digital e viver disso, como é o Suricate Seboso. A gente sabe que é possível pensar alternativas de trabalho dentro da nossa própria realidade”, ressalta.

A realização de pesquisas como a da geração N, opina Léo Suricate, pode contribuir com o desenvolvimento de novos projetos e o monitoramento dos resultados dessas ações. “Existem pessoas não conseguem transitar nos territórios sem ter um alvo nas costas, e a academia tem mais chances de chegar à população quando está inserida nela de fato, é assim que a gente consegue pensar em soluções reais para a vida das pessoas e avaliar o impacto concreto do que a gente está fazendo”, explica o influenciador.

Os projetos dos jovens idealizadores da La Casa du’z Vetin não se encerram com a série. Eles estão desenvolvendo a VetinFlix, uma plataforma que deve agregar, além de trabalhos audiovisuais, iniciativas de música, dança e diferentes conteúdos voltados para a juventude da periferia.

“Queremos criar aparatos tecnológicos e apostar no futuro de uma forma que as pessoas não esperam, de transformar a periferia onde a gente está em um espaço que vai ter desde banda larga livre até produção de camisas. Não podemos perder esse horizonte. Se as pessoas pensam que a gente vai fazer muita coisa na cidade, elas estão certas, porque a gente vai mesmo”, garante Léo Suricate.

Para Roger Pires, que integra o Coletivo Nigéria, o lançamento da série, que ocorreu na Praia de Iracema, foi simbólica para garantir a livre ocupação da cidade.

“Sem dúvida foi algo importante, porque é diferente e estranho para a Praia dos Crush e Aldeota uma série que tem vetins como protagonistas. E também tem muitas crianças e adolescentes que foram pela primeira vez para lá, porque para eles é estranha a Praia de Iracema, muitas vezes falta dinheiro para a passagem, então foi muito importante nesse aspecto do acesso à cidade”, aponta.

Ele acredita ser essencial o trabalho coletivo de diferentes atores para construir ações de transformação social. “A parceria com o Suricate é fundamental, porque eles são super experientes em internet e têm um compromisso político com o público deles. E a parceria com o OCA e outras organizações também. Por exemplo, nas visitas aos centros socioeducativos, a gente dialoga com meninos que estão fadados a participar de facções e pode ser que eles queiram, ao assistir à série, se tornar humoristas. A gente quer promover dessa maneira mais real uma cultura de paz”, pontua.

Socioeducativo

Nos dias 10 e 11 de dezembro, o Instituto Oca promoveu evento com a participação dos idealizadores da série La Casa du’z Vetin. Também estavam no encontro adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e integrantes do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA). 

Sediados no Centro de Semiliberdade Mártir Francisca e no Centro Socioeducativo Passaré, os debates contaram com a parceria da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (SEAS) e pautaram o compartilhamento de sonhos da juventude e a criação de novas oportunidades para adolescentes em conflito com a lei. A iniciativa dialoga com as recomendações do CCPHA de promover ações voltadas aos jovens do socioeducativo.

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